segunda-feira, 5 de abril de 2010

Titus Andronicus: guerra que vale a pena

Titus Andronicus: guerra que vale a pena

Se você é uma das 83 viúvas de Desaparecidos (banda capitaneada por Conor Oberst nos idos de 2000) e tem Read Music/Speak Spanish como um dos melhores discos de todos os tempos, não preciso dizer mais nada além de: ouça Titus Andronicus.
Ouso afirmar que até a mãe de Conor Oberst acreditaria que este é mais um projeto paralelo de seu filho.

Não há diferença na voz. É uma coisa meio sobrenatural mas que cai como uma luva agora que nosso amiguinho traiu o movimento de gritos e guitarras altas.
Para os demais, digo: ouçam Titus Andronicus.

Mesmo que este seja um nome horrível para uma banda, animal de estimação ou objeto inanimado.



O quinteto de New Jersey acaba de lançar seu segundo disco, The Monitor, pela XL Recordings (que tem no catálogo M.I.A., Radiohead, The xx, The White Stripes, Vampire Weekend, Sigur Rós, Friendly Fires, Beck e Jack Peñate).
É um album conceitual sobre a Guerra Civil Americana, que aconteceu nos States entre 1861 e 1865 (thanks, Wikipedia).

Mas adianto: apesar de abrir os trabalhos com um discurso de Abraham Lincoln (as a nation of free men, we will live forever or die by suicide), o álbum não é um livro de história musicado.
Ainda que trate de um tema tão velho, de armas e tanques de guerra, o disco soa atual. Trata de incertezas, bebedeiras, disputas, angústia pós-adolescente como uma banda de punk/screamo que conhece instrumentos como gaita de fole, violino, trombone, sax, piano e violoncelo. E os toca de forma rápida e certeira.
Épico, The Monitor está entre os grandes discos de rock do ano e, se fosse necessário trocar o vocalista, Holden Caulfield seria o melhor candidato. Basta prestart atenção às letras.

Principalmente Four Score and Seven (It’s still us against them, and they’re winning) e No Future Part Three (all I want for Christmas is no feelings, now and never again. You will always be a loser and that’s okay).
Ao final do disco, tudo o que você quer é decorar as letras pra cantar alto, abraçado em um engradado de cerveja.

Os politicamente corretos podem dizer que isso é errado.

Mas, pelo menos neste disco, os politicamente corretos perderam a guerra.

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