terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O verdadeiro rock maringaense

O verdadeiro rock maringaense

por: "ANDYE - ZOMBILLY Na Rádio UEM FM 106,9"  

Esperei passar a "premiação" da Sonic Flower Club.
Evitei voltar nessa parada de novo, mas emails, comentários no blog e papos pessoalmente de gente querendo saber o motivo da Zombilly não participar da "premiação" da SFC este ano.
Primeiro porque eu pedi para que o Flávio não incluísse nenhum evento nosso.

O motivo começa aqui:
todo começo de ano eu faço um planejamento do que pretendo fazer no ano.
Analiso tudo que foi feito no ano que passou e o que pode ser melhorado.
Em relação ao rock, sempre deixei claro que o foco são as bandas e não o público.
Então, para 2009 eu pensei que era a hora de fazer os grupos receberem cachê, tentar ampliar as oportunidades para as bandas de rock autoral e fazer os músicos participarem uns dos shows dos outros.
Três coisas que todos sabem que não rolavam, mas ninguém fez nada de efetivo sobre isso.
Então, pensei: "Como vou cobrar que as pessoas vão em certos eventos, se eu mesmo não vou em alguns?!".
E um destes alguns era a "premiação" da SFC que o Flávio já havia me convidado e eu recusei porque sempre achei uma bobagem... e continuo achando.
Mas fui lá, participei e a coisa começou a funcionar.

Dei a cara a tapa sobre as bandas covers. Passei a ter uma postura mais agressiva sobre isso e deu resultado no polêmico post "The mommy´s girls from Maringá": bandas de som autoral se aproximaram e outras iniciativas (com discursos não muito seguros e duradouros) apareceram: Concurso de Bandas do Pub Ficiton e Cottonet Club, entre outras.

Depois, criamos o inédito projeto Zombilly na Terça: show de graça, banda recebendo cachê, show começando cedo e bom atendimento para o público. Tudo com foco nas bandas locais de som autoral independente. Foram 38 shows em sete meses. E acho que este formato é o ideal para meus projetos locais.

Então veio a tal lista que o Flávio fez e publicou em agosto. O título é bem claro: "12 bandas de Maringá que você tem que ouvir" e não "12 bandas que eu gosto...", como ele tentou justificar.
Há uma diferença abismal entre você fazer listas sobre filmes que você gosta, discos que você comprou ou copiar listas de sites e revistas, para fazer listas envolvendo o trabalho de pessoas que estão próximas a você, vão nos eventos que você organiza, tomam cerveja com você.

Infelizmente, o público dá um valor exagerado para estas coisas que escrevemos. E não deveria ser assim.
O Flávio abordou não só uma questão que eu vinha trabalhando (e gastando grana do meu bolso) para acabar com essas bobagens de grupinhos e intrigas, para fazer as bandas se ajudarem, como ao tentar falar dos grupos que ele gosta, excluiu bandas que tem muito mais representatividade para o trabalho que todos nós fazemos e incluiu bandas que, até então, pouco ou nada fizeram de histórico para o rock local. Ou seja, uma lista totalmente desnecessária. E que, enfim, contrariava tudo que eu vinha tentando fazer no ano.

E, que fique bem claro: sempre procurei ajudar o Flávio, disse que ele tem seus méritos e formou o público dele. Mas, uma pessoa que sabe como é a ralação de produzir shows, já teve prejuízo com isso, sai pras ruas colar cartaz, fica de madrugada fazendo divulgação... foi uma situação bem chata porque envolveu o trabalho de muita gente a troco de nada. Não fez ninguém ir a lugar algum.

Não contente, o Flávio ainda achou que seria muito engraçado fazer brincadeira com isso e fez comentários pessoais. Mesmo depois de eu falar pra ele deixar quieto porque a coisa já tinha sido feita, ele ainda queria comentar essas coisas na rádio. Eu deixei pra lá.
Eu faço questão de manter uma moderação nos comentários aqui do blog, justamente para evitar este tipo de situação. Infelizmente, nem todos os blogs têm isso.

Então, o motivo de não participar da "premiação" da SFC este ano foi por isso: não representa o trabalho que eu faço aqui. É uma "premiação" que não leva a nada. Já foram feitas outras edições e as bandas continuam a ter que fazer "vaquinha" para comprar instrumentos, pagar estúdio e gravar músicas. Enquanto deveriam receber para tocar e não simplesmente serem chamadas para abrir shows de bandas de fora sem receber nada. As poucas vezes que isso aconteceu comigo, fiquei muito aborrecido e procurei mudar a situação. E consegui.
E, basta olhar quem são os votantes: a maioria não vai nos eventos do Espora de Galo, da Família Palim, da Zombilly, do Maringuaça, da Timbre Noise, entre outros produtores locais. Então, não representa o rock feito por muita gente na cidade.

Desde a época do Porão, sempre procuramos dar uma ajuda efetiva para as bandas ou pessoas do meio: shows com ingressos baratos, patrocínios para demo tapes e fanzines e até colocamos uma banda (o Sex Hansen) num ôninus e levamos para tocar em outra cidade (Bauru - SP) com tudo pago. E o pensamento continua esse. Escrever sobre a banda na internet não é ajuda. Qualquer um faz isso hoje.

Mas cada banda sabe o valor que tem e o que ela merece.
Então, já passou da hora dessa situação mudar. Antes eu responsabilizava os bares e produtores de shows por esses problemas e exploração das bandas.
Agora, chegou a hora das bandas tomarem essa frente. E, se continuarem tocando de graça, enquanto a grana só vai para conta do bar ou pro bolso de quem organzia, a coisa toda está longe de ser uma cidade que tem um "rock independente de verdade".

Os shows vão continuar, as festas de votação vão continuar, as listas idiotas vão continuar em vários sites e revistas, o público vai continuar não dando valor para muitas bandas e muita gente vai continuar fingindo que está tudo bem.
E uma frase resume bem tudo isso: eu não comecei essa polêmica.

Nenhum comentário: